Nesta imersão sobre Domain-Driven Design (DDD), desvendamos como essa metodologia se estabelece como um pilar fundamental para o desenvolvimento de sistemas complexos, priorizando, de forma inegociável, os problemas de negócio acima de qualquer consideração técnica. O DDD não é meramente um conjunto de padrões arquiteturais; é uma abordagem filosófica que orienta o desenvolvimento de software a partir de uma compreensão contínua do domínio de negócio.

A essência da nossa discussão girou em torno da premissa de que a tecnologia, por mais avançada que seja, deve ser um meio para um fim – e esse fim é resolver os desafios e impulsionar as oportunidades do negócio. Ao invés de começarmos com a pilha tecnológica ou a arquitetura de banco de dados, o DDD nos convida a iniciar a jornada de desenvolvimento com um mergulho no universo do cliente, entendendo suas operações, seus desafios e seus objetivos estratégicos. É essa compreensão que irá, em última instância, moldar a arquitetura e as soluções técnicas que emergem.

Um dos pilares conceituais que exploramos foi o Domínio de Negócio e seus Subdomínios. O domínio de negócio representa a área de expertise e conhecimento sobre a qual o software será construído. No entanto, raramente um domínio é monolítico; ele é, na maioria das vezes, composto por diversos Subdomínios, cada um com suas particularidades, regras e responsabilidades. A importância de identificar e mapear esses subdomínios é crucial, pois eles nos permitem segmentar a complexidade e gerenciar o desenvolvimento de forma mais eficaz.

Dentro dessa estrutura de subdomínios, há uma distinção vital entre subdomínios “core”, de suporte e genéricos. Os subdomínios “core” são aqueles que representam o diferencial competitivo da empresa, as funcionalidades que realmente a destacam no mercado. São eles que entregam o maior valor de negócio e, consequentemente, devem ser os mais maleáveis, adaptáveis e fáceis de evoluir. A discussão na call enfatizou que a prioridade de investimento em tempo, recursos e talentos deve ser direcionada para esses subdomínios “core”, garantindo que eles permaneçam na vanguarda da inovação e da relevância de mercado. Subdomínios de suporte, embora necessários, não são o cerne da vantagem competitiva, enquanto subdomínios genéricos são aqueles que podem ser adquiridos como soluções prontas (prateleira) ou desenvolvidos com menor investimento, pois não representam um diferencial.

A colaboração e a comunicação foram outros temas centrais abordados, destacando o papel indispensável dos Especialistas de Domínio. Essas são as pessoas que possuem um conhecimento aprofundado do negócio, suas regras, processos e exceções. No DDD, a parceria entre especialistas de domínio e desenvolvedores é fundamental. Não se trata apenas de o especialista de domínio “passar” os requisitos para o desenvolvedor, mas sim de uma colaboração contínua e bidirecional, onde ambos aprendem uns com os outros. Essa interação constante é a base para a construção de uma Linguagem Ubíqua.

Linguagem Ubíqua é muito mais do que um glossário de termos; é um vocabulário comum e consistente que é usado por todos os membros da equipe – desde os especialistas de negócio até os desenvolvedores, passando por testers, gerentes de produto e qualquer outra pessoa envolvida no projeto. A importância da Linguagem Ubíqua reside em sua capacidade de eliminar ambiguidades e garantir que todos estejam falando a mesma “língua” ao discutir o domínio. Se um especialista de domínio usa um termo com um significado e o desenvolvedor o interpreta de forma diferente, o resultado pode ser um software que não atende às expectativas do negócio. A Linguagem Ubíqua atua como um sistema de verdade único, onde os termos, conceitos e regras do negócio são expressos de forma clara e inequívoca, tanto na comunicação oral quanto no código do software.

A discussão prosseguiu abordando como essa compreensão profunda do domínio e a Linguagem Ubíqua são traduzidas em artefatos de desenvolvimento, como Casos de Uso e Modelos. Os Casos de Uso nos ajudam a descrever as interações dos usuários com o sistema, detalhando as funcionalidades sob a perspectiva do negócio. Eles são uma ponte crucial entre os requisitos de negócio e o design do software. Os Modelos, por sua vez, são as representações abstratas do domínio, que podem se manifestar de diversas formas – desde diagramas de classes e entidades até fluxos de processo e diagramas de estado. A beleza do DDD é que esses modelos não são apenas documentos estáticos; eles são a representação viva da Linguagem Ubíqua e são constantemente refinados e ajustados à medida que a compreensão do domínio evolui. A clareza e a precisão desses modelos são vitais para que o software reflita fielmente as regras e o comportamento do negócio.

A call ressaltou a importância de mapear esses subdomínios cruciais para que os modelos de software reflitam a essência do negócio. Isso significa que as classes, os serviços, os repositórios e todos os outros componentes do sistema devem ser nomeados e estruturados de acordo com a Linguagem Ubíqua e a lógica do domínio, e não com base em convenções técnicas genéricas. Por exemplo, se o negócio tem o conceito de “Pedido”, o software deve ter uma entidade Pedido, com métodos e atributos que representem o comportamento e as características de um pedido no mundo real.

A grande vantagem de se focar nos problemas de negócio com o DDD é a capacidade de construir sistemas que são inerentemente mais alinhados aos objetivos estratégicos da empresa. Ao invés de se adaptar a um software inflexível, o negócio pode, com o DDD, guiar a evolução do sistema de forma orgânica e eficiente. Essa abordagem permite que as empresas se mantenham ágeis, adaptáveis e, o mais importante, continuem relevantes no mercado. A arquitetura de software, quando guiada pelo domínio, torna-se uma aliada poderosa na busca por inovação e competitividade, e não um obstáculo. Em suma, o DDD nos oferece um framework robusto para garantir que o desenvolvimento de software seja uma extensão natural e precisa da estratégia de negócio.


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